Falta de estrutura prejudica acesso a locais quase inexplorados por turistas em Boqueirão do Leão. Mas natureza recompensa as visitas
Informativo
Falar em beleza natural em Boqueirão do Leão não é nenhuma novidade. Perau da Nega, Gamelão e as Quedas dÁgua de Colônia Jardim, por exemplo, demonstram o quanto a natureza foi generosa com a cidade. Mas o que muita gente ainda não sabe é que, além desses pontos, muitos outros menos conhecidos e procurados são grandes mostras do potencial em turismo do município.
Em diversas comunidades de Boqueirão do Leão é possível encontrar um lugar bonito para conhecer. Entre cachoeiras, grutas, vistas panorâmicas, lagoas e rios surgem lugares imponentes e misteriosos. Um deles é a Cascata Fischer, localizada em Colônia Picoli, próximo da divisa com Sinimbu. Distante cerca de 18 quilômetros do Centro da cidade, o ponto turístico impressiona por sua beleza.
Pedras enormes, uma cascata derramando suas águas em um açude e uma gruta formada atrás das quedas dágua completam o cenário, sem falar das plantas e árvores nativas que cercam o rochedo em volta do Rio Sinimbu. Há dois anos morando bem próximo do ponto turístico, Vilmar Prates é um visitante assíduo. Quando não vai ao local para banhar-se ou pescar, ele faz o serviço de guia aos turistas que aparecem por ali. Sem um condutor, fica difícil encontrar o lugar. Um caminho tortuoso, estrada malconservada, trilha em mato fechado e terreno bastante inclinado são alguns dos obstáculos a ser vencidos antes da contemplação da cascata.
"Esse é um lugar muito bom de ficar, é sempre bem fresquinho e todos que vêm aqui gostam muito", comenta Vilmar. Ele conta que os próprios leo-boqueirenses pouco conhecem o ponto turístico, e já orientou turistas de cidades como Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Candelária, que chegaram até o local.
Falta de estrutura
Francisco e Francisca Adélia Fischer são proprietários das terras onde está localizada a cascata, em Colônia Pícoli, e deram nome ao lugar. Hoje o casal mora em Vila Nova, mais próximo do Centro, para ter o acesso mais facilitado aos recursos de saúde. Eles se queixam do abandono e da falta de cuidados com as estradas naquela localidade. O município não investe para transformar a cascata em um ponto forte de turismo. "Lá o acesso é muito difícil. Acho que a prefeitura tinha que tirar o capricho e conservar as estradas", sugere Francisco.
Além das estradas em péssimas condições, a falta de placas indicativas pode comprometer o passeio. Ao longo de todo o caminho não há nenhuma sinalização que indique como chegar à Cascata Fischer. O vice-prefeito, Joel Conte, disse que o município poderá investir em turismo depois de conseguir recursos para esse fim. "Dependemos de verba federal, pois o Estado dificilmente vai disponibilizar alguma coisa", afirma.
Enquanto isso, o ponto turístico permanece sem estrutura para ser visitado. O secretário de Obras, Paulo Joel Ferreira, afirma que, conforme as possibilidades, haverá melhoria naquele trecho de estrada, porém, não deu esperanças de que os reparos possam ocorrer a curto prazo, já que será dada prioridade às estradas por onde circula o transporte escolar.
Como chegar
Para conhecer a gruta é preciso dirigir-se à comunidade de Colônia Pícoli. Depois de passar pela igreja e o salão da localidade, o trajeto continua até o pico do morro. Depois desse ponto haverá uma descida pela frente. O percurso leva cerca de quatro quilômetros até o acesso à propriedade dos Fischer, à esquerda. A partir dali, mais dois quilômetros pela estrada serão necessários até chegar à cascata. O trajeto inclui uma trilha em mato fechado.
Toca dos Índios impressiona
Na comunidade de Sinimbuzinho, por volta de 3,5 quilômetros de distância do Centro da cidade, um pequeno aglomerado de árvores mantém escondida uma caverna. O lugar, situado nas terras de Laudir Ogliari, é conhecido por Toca dos Índios. Segundo o morador, há indícios de que famílias indígenas teriam vivido ali. "Uma vez, um casal de Porto Alegre esteve aqui para ver a toca e pesquisar o que teria no local. Então eles encontraram um picão de pedra. De um lado era afunilado, parecia que era usado para escavar alguma coisa", conta Laudir.
Porém, essas histórias e esse lugar, tão próximo da sede municipal, são poucos conhecidos, mesmo por moradores da localidade. Valdomiro Ferreira França, que mora há três anos em Sinimbuzinho e bem perto da gruta, ainda não a conhece. "Ainda não tirei tempo para isso, mas tenho vontade de ir lá algum dia."
Para quem quiser chegar até o lugar, deve deslocar-se em direção a Sinimbuzinho. Em frente da propriedade de Gorete Ogliari existe uma entrada. A partir dali, percorrem-se mais uns 2,5 quilômetros e chega-se a um córrego que corta a estrada. Nesse lugar, no potreiro do lado esquerdo, está localizada a gruta.